sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O Poeta Leonard Cohen

É aquela velha história. Gênios são gênios não importam a idade que começam uma nova carreira ou tentam novos vôos. Quem imaginaria que um poeta tímido, que tinha vergonha de aparecer em públicos, com uma reputação sólida construída como poeta fosse entrar no então chamado mundo “decadente” do rock com mais de 30 anos e tornar-se uma referência obrigatória para quem viesse depois dele? Bem, Leonard Cohen foi uma dessas exceções, e talvez, a mais brilhante e fulgurante de todas.

E seu valor foi mais do que reconhecido, tanto que no ano passado recebeu do governo canadense a mais alta honraria que um civil pode almejar, a “Companion of the Order of Canada”, em reconhecimento aos seus inestimáveis e brilhantes trabalhos em várias setores da cultura e da arte. Leonard estava acompanhado na entrega do diretor Norman Jewison, do pianista Oscar Peterson (talvez a última grande lenda do jazz da primeira metade da década de 50), do ator Christopher Plummer e dos ex-primeiros ministros Joe Clark e Brian Mulroney. Definitivamente, esse senhor, adepto ao budismo e que passa boa parte de sua vida hoje meditando e estudando, merece tantos prêmios.

Nascido Leonard Norman Cohen, no dia 21 de Setembro de 1934, em Montreal, Leonard perdeu o pai, um engenheiro, ainda aos nove anos. Com 17 anos foi para a Universidade McGill e formou um trio de country chamado Buckskin McGill (nessa época, 1951, 1952, o rock and roll não era ainda nem um bebê). Além da música, começou a se interessar por poesia e, como não poderia deixar de ser, integrou a cena local que era considera cheia de “intenções subversivas” como mandava o clichê da época.

Apesar da proximidade com os Estados Unidos, o canadense Cohen amava mesmo a cultura européia. Seus maiores ídolos eram o espanhol Lorca, os franceses Albert Camus e Maupassant, os russos Dostoiévski e Tchekov e seus cantores favoritos, Pireu, Brassens, Brel e Ferré. Em 1956, lança seu primeira obra chamada Let Us Compare Mythologies, enquanto ainda estudava. Cinco anos depois, The Spice Box of Earth, levou o jovem canadense ao estrelato internacional. Após uma rápida passagem pela prestigiosa Universidade de Columbia, em Nova York, consegue algum dinheiro e começa uma peregrinação pela Europa. Acaba se apaixonado pela Grécia e começa a viver na ilha de Hydra, com Marianne e seu filho Axel. Permanece por lá durante sete anos e em 1964 lança sua obra mais polêmica, Flowers for Hitler, além de dois belos romances, The Favorite Game, em 1963, que conta a história de um jovem artista judeu em Montreal e Beautiful Losers, em 1966, que fez o o jornal “Boston Globe” afirmar que “James Joyce está vivo e mora em Montreal”. Cada livro vendeu mais de 800 mil exemplares, um absurdo naqueles tempos.

Mesmo com tanto sucesso, e feliz com sua vida em Hydra, Leonard resolveu largar tudo para tentar a sorte no mundo da música. Apesar da vida confortável e cheio de regalias, estava decidido a explorar um outro campo. Ou nas palavras dele próprio: “Quando você está escrevendo um romance é necessário ter um local estável, um porto seguro. Você precisa de uma mulher que possa organizar sua vida, ter crianças brincando ao seu redor e saber que terá comida e carinho todo dia. É ótimo ter uma casa limpa e em ordem. Eu tinha tudo isso, mas mesmo assim decidir me tornar um compositor.”

Tomado pelo impulso, acabou voltando para a América e se instalou perto de Nashville para começar uma nova vida. Acabou conhecendo Judy Collins, que gravou duas canções do desconhecido compositor em seu disco In My Life, de 1966: “Suzanne” e “Dress Rehearsal Rag”. No ano seguinte, arriscou a sorte no tradicional festival Folk de Newport e acabou chamando a atenção do lendário John Hammond, responsável pelas primeiras gravações de Billie Holiday e Bob Dylan para a Columbia Records. Hammond ficou fascinado com a aparência frágil, voz vacilante e letras de um lirismo incomum. No Natal do mesmo ano é lançado então Songs of Leonard Cohen.

“Venha olhar pela janela minha querida/Eu adoraria ser capaz de ler a palma de sua mão/Eu sempre achei que seria um desses garotos ciganos/Até você me dar um lar/Adeus Marianne, está na hora de nós começarmos/A chorar e rir sobre tudo isso novamente/Você sabe que eu amei viver contigo/Mas você me fez esquecer de muitas coisas/Eu esqueci de rezar para os anjos/E os anjos então esqueceram de nós em suas orações”. Uma homenagem linda sincera, despojada e crua de seu relacionamento com o primeiro grande amor de sua vida (“So Long, Marianne”), mostra toda a exuberância dos versos de Leonard. O som pode ser definido com um Dylan mais calmo. A voz lembra a de Bob por ser meio anasalada, o instrumental de forte acento folk e country também parece com Dylan, mas suas letras e interpretações são mais contidas, pessoais. Não é exagero algum considerá-lo um dos melhores poetas (na verdadeira acepção da palavra) que a música tenha produzido.

Leonard ainda guarda bem vivas as lembranças de como a música entrou em sua vida: “O primeiro violão que eu comprei era usado e foi uma loja na Craig Street em Montreal. Paguei 12 dólares e era um instrumento estranho e eu não sabia nada sobre ele, com exceção de que queria tocar um. Eu não sabia a diferença entre uma corda de náilon e uma de aço, não havia muito material escrito sobre isso, não existia música pop, não existia cultura de massa, televisão e estas descobertas eram feitas sozinhas. Para piorar, existia uma idéia de que apenas os comunistas eram guitarristas! Com o passar do tempo, eu fui conhecendo mais sobre o violão, de maneira cautelosa e comecei a me aprofundar sobre as cordas de náilon, no violão flamenco. Me apaixonei pelo flamenco quando vi um jovem espanhol tocandop para uma garota. Ele tinha cabelos pretos, era bonito, e tocava de uma maneira muito sensual e pedi para que me ensinasse a tocar daquela maneira. Acabou me ensinando rudimentos do estilo, até que um dia ele estava atrasado para me dar a aula, seria a quarta. Fui procurá-lo e descobri que tinha cometido suicídio. Eu nunca soube de onde veio ou o motivo de ter se matado, mas sou até hoje extremamente grato por tudo que me ensinou, pois virou a base de minhas composições. Eu não quero parecer pedante ou bancar o grande músico, mas muitas pessoas falaram durante anos que eu só conhecia três acordes, quando na verdade eu aprendi cinco.”

Leonard comenta que John Hammond foi extremamente importante em sua formação: “John era um extremamente generoso em estúdio. Ele ficava lendo um jornal sem parar enquanto eu ficava lutando com a guitarra no estúdio. Muitas pessoas achavam que isso era um desrespeito da parte dele, mas na verdade o que ele queria era mostrar que eu teria todo tempo para elaborar a melodia sem ser interrompido a todo instante. Aquele jornal era tão velho que parecia ser do tempo em que ele produzira a Billie Holiday e eu adorava a atmosfera que ele criava, porque sabia que poderia errar, começar novamente, gravar um take diferente e que nada o afetaria. Isso era notável, de uma generosidade imensa e muito divertido, porque dava a impressão para as pessoas que lá estavam que ninguém sabia que diabos estava acontecendo lá dentro. Eu não sabia como usar o microfone, pois nunca tinha usado um antes. Em casa eu trocava em frente ao espelho, porque me sentia mais confortável dessa maneira. Era uma necessidade meio narcisista de minha parte para criar um clima favorável. John então providenciou um espelho imenso para que eu ficasse confortável. Era um cavalheiro.”
Para Cohen, a única maneira de compor uma canção é através de um profundo auto-conhecimento e despojamento: “Muitas pessoas me questionam se há alguma mística em escrever. Eu acho que a única receita é entrar em contato com o você mesmo ou interessar-se em se conhecer. Muitas pessoas não estão interessados nisso, mas o material que utilizo são meus pensamentos e as paisagens e pinturas que elas podem me fornecer.”


Dados da banda


Origem: Canadá
Atividade: 1956 até Hoje
Genero: Folk Rock
Site Oficial: http://www.leonardcohen.com/


Leonard Cohen - live in london

CD1
1.1 Dance Me to the End of Love
1.2 The Future
1.3 Ain’t No Cure for Love
1.4 Bird on the Wire
1.5 Everybody Knows
1.6 In My Secret Life
1.7 Who by Fire
1.8 Hey, That’s No Way to Say Goodbye
1.9 Anthem
1.10 Introduction
1.11 Tower of Song
1.12 Suzanne
1.13 The Gypsy’s Wife

CD2
2.1 Boogie Street
2.2 Hallelujah
2.3 Democracy
2.4 I’m Your Man
2.5 Recitation w/N.L.
2.6 Take This Waltz
2.7 So Long, Marianne
2.8 First We Take Manhattan
2.9 Sisters of Mercy
2.10 If It Be Your Will
2.11 Closing Time
2.12 I Tried to Leave You
2.13 Whither Thou Goest



Ano: 2006
Selo: Columbia
Tamanho: 70,5 mb
Download: live in london part I / live in london part II
Video: Leonard Cohen - Sisters of Mercy





Nota:

O Texto foi plagiado
descaradamente do site:
beatrix.pro

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