terça-feira, 23 de agosto de 2011

William S. Burroughs e David Bowie

Como todo artista que veio antes e depois, David Bowie também se rendeu às drogas. O vício chegou de forma fulminante com o estrelato em 1972, após conquistar a Europa e a América com a explosão meteórica de Ziggy Stardust. O jornalista e biógrafo Marc Spitz, autor de Bowie – obra lançada ano passado no Brasil pela Benvirá -, acredita que ele tenha percorrido mais carreiras de pó no início de sua trajetória do que artistas pops como Elton John, Oliver Stone e os integrantes dos Eagles.

“De início a cocaína trouxe um bálsamo psicológico”, escreve Spitz. “Ela o ajudou existir como um fabuloso astro do rock fora do palco. Um garotinho suburbano, dolorosamente tímido, que de repente olhava a vida como uma festa glitter”, emenda.

Talvez iludido com o sucesso e com a ilusão de que era o rei Midas do rock, onde tudo que tocasse viraria ouro, o artista deu início a novos e ambiciosos projetos. Entre eles a ideia de um novo show, talvez um espetáculo para Broadway e a produção de discos para artistas que iam surgindo em meados dos anos 70 e outros já consagrados, como Iggy Pop e Lou Reed.

Em Londres, naquele começo de 1974, o escritor beatnik e papa das drogas lisérgicas William S. Burroughs fez uma visita a Bowie, em Chelsea. Desde a adolescência fã incondicional do autor de Almoço nu, os dois passaram horas discutindo sobre novas técnicas de escrita e o futuro da mídia. Em dado momento, se viram mergulhados no novo método do escritor de escrever, baseado em “recortar e colar” palavras. Não seria o primeiro já que a dupla Jagger e Richards fez o mesmo quando compuseram Casino boogie, do clássico Exile on main st.
Naquele mesmo ano, surgiu a ideia de transformar o perturbador romance 1984, do britânico George Orwell, em musical, mas o projeto seria engavetado já que a viúva do escritor Sonia Blair não permitiu tal empreitada. David não perdeu o foco. “Mudei rapidamente de direção e transformei o projeto em Diamond dogs: dez punks em skates enferrujados vivendo nos telhados dessa distópica Hunger City, num cenário pós-apocalíptico”, lembraria o artista em 2008, numa entrevista para o Daily Mail.

Assim, o disco seguinte do camaleão do rock o conduziria mais uma vez numa direção completamente diferente dos trabalhos anteriores. As canções Sweet thing e Candidate foram compostas sob a influência de Burroughs, reproduzindo uma colagem de impressões. A furiosa Rebel rebel seria a música de trabalho do álbum. Finalizado nos estúdios Ludolf, na Noruega, a estilosa capa seria desenhada pelo artista local Guy Peellaert. Os testículos à mostra foram encobertos, depois que os executivos da RCA subiram nas tamancas.

Com cenários suntuosos que faziam referencia a dois filmes que marcaram o artista, O gabinete do dr. Caligari e Metrópolis, e às produções da Broadway, Bowie mais uma vez caiu na estrada, começando a turnê do novo disco em Montreal, no Canadá. “A turnê Diamond dogs foi precursora de todos os shows opulentos, arriscados, indolentes e espalhafatosos que surgiriam depois”, avaliaria o escritor Marc Spitz.



"I'll make you a deal, like any other candidate
We'll pretend we're walking home 'cause your future's at stake
My set is amazing, it even smells like a street
There's a bar at the end where I can meet you and your friend
Someone scrawled on the wall "I smell the blood of les tricoteuses"
Who wrote up scandals in other bars
I'm having so much fun with the poisonous people
Spreading rumours and lies and stories they made up
Some make you sing and some make you scream
One makes you wish that you'd never been seen
But there's a shop on the corner that's selling papier mache
Making bullet-proof faces, Charlie Manson, Cassius Clay
If you want it, boys, get it here, thing
So you scream out of line
"I want you! I need you! Anyone out there? Any time?"
Tres butch little number whines "Hey dirty, I want you
When it's good, it's really good, and when it's bad I go to pieces"
If you want it, boys, get it here, thing
Well, on the street where you live I could not hold up my head
For I put all I have in another bed
On another floor, in the back of a car
In the cellar like a church with the door ajar
Well, I guess we've must be looking for a different kind
But we can't stop trying 'til we break up our minds
'Til the sun drips blood on the seedy young knights
Who press you on the ground while shaking in fright
I guess we could cruise down one more time
With you by my side, it should be fine
We'll buy some drugs and watch a band
Then jump in the river holding hands"

(Candidate - David Bowie)




by Lucio in the sky



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