quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Der Ring des Nibelungen - Parte I - A Composição


Der Ring des Nibelungen (O Anel do Nibelungo) é um ciclo de quatro óperas épicas do compositor alemão Richard Wagner. Elas são adaptações dos personagens de personagens mitológicos das sagas nórdicas e do Nibelungenlied.

Wagner escreveu o libreto e a música por cerca de vinte e seis anos, de 1848 a 1874. Entretanto, ele não se dedicou exclusivamente a isso durante esse período. As óperas que compõem o ciclo do anel são, em ordem cronológica do enredo: Das Rheingold (O Ouro do Reno), Die Walküre (A Valquíria), Siegfried e Götterdämmerung (O Crepúsculo dos Deuses). Apesar delas serem apresentadas como obras individuais, a intenção de Wagner era apresentá-las em série.

A primeira apresentação de todo o ciclo aconteceu em Bayreuth, 13 de agosto de 1876. Das Rheingold já havia estreado em Munique em 1869, a contragosto do autor.

O ciclo é modelado assim como os dramas do teatro grego em que eram apresentadas três tragédias e uma peça satírica. A história do Anel propriamente dita começa com Die Walküre e termina com Götterdämmerung, de forma que Das Rheingold serve como um prelúdio.

A música do ciclo é forte, e cresce em complexidade com o desenrolar da história. Wagner escreveu para uma orquestra de grandes proporções, incluindo novos instrumentos como a trompa wagneriana, o trompete baixo e o trombone contrabaixo. Ele também construiu um teatro para apresentar sua obra, o Bayreuth Festspielhaus. O local possuía um palco especial que combinava os sons da orquestra e dos atores, permitindo-os cantar naturalmente. A execução completa do ciclo dura cerca de quinze horas, e o tema é épico. Há vários deuses, gnomos, e outras criaturas mitológicas em volta do anel mágico cuja posse garante poder sobre todo o mundo. O drama e a intriga continuam por três gerações de protagonistas.

Desde sua estreia, o Anel foi sujeito à diversas interpretações. Em "The Perfect Wagnerite", George Bernard Shaw interpreta a obra como uma crítica socialista à sociedade industrial e seus abusos."Wagner's Ring and its Symbols", Robert Donington interpreta a obra sob ótica da psicologia junguiana, como demonstração do desenvolvimento dos arquétipos inconscientes da mente, levando à individualização.


Música


Em suas óperas anteriores, Wagner procurou evitar o uso do recitativo. Para o Anel, ele decidiu abolir seu uso completamente e adotar um estilo mais contínuo, em que cada ato de cada ópera seria uma peça musical contínua, sem qualquer intervalo. Em seu ensaio Oper und Drama (Ópera e Drama), ele descreve a forma como poesia, música e artes visuais devem ser combinadas para formar o que chama "o trabalho artístico do futuro". Ele nomeia tais obras "dramas musicais", e desde então raramente se referiu a seu trabalho como ópera.

Como nova fundação para seus dramas musicais, Wagner adotou o uso dos temas base, conhecidos como leitmotiv, que consistiam de melodias e progressões harmônicas recorrentes, frequentemente atreladas a certa orquestração. Sua função era denotar uma ação, objeto, emoção, personagem ou qualquer outro tema mencionado no texto ou apresentado no palco. Wagner os referia em Oper und Drama como guias para o sentimento, descrevendo como eles podiam ser usados para informar o ouvinte sobre um ponto paralelo da ação acontecendo, assim como o coro era usado no teatro da Grécia antiga. Apesar de outros compositores anteriores já usarem a técnica, o Anel foi único pelo amplo uso, e pela engenhosidade em sua combinação e desenvolvimento.

Qualquer tema relevante no Anel é geralmente acompanhado por um leitmotif, e há várias partes da música construídas exclusivamente através deles. Um exemplo ocorre em Götterdämmerung: a jornada de Siegfried pelo rio Reno é descrevida primeiramente através de uma rapsódia do tema de Siegfried, que então chega ao tema do Reno e finalmente no tema do salão do gibichungos. Há dezenas de temas individuais espalhados pela obra, inclusive em mais de uma ópera. Com o avanço do texto, especificamente a partir do terceiro ato de Siegfried, tais temas são apresentados em combinações cada vez mais sofisticadas. Wagner também uso a técnica de Franz Liszt da metamorfose de temas para aferir um desenvolvimento dinâmico em diversos temas. Um exemplo ocorre na transição da primeira à segunda cena de Das Rheingold, em que o poderoso tema musical associado com o anel se transforma no tema da Valhala, a fortaleza de Wotan recém completada, morada dos deuses.

Os avanços em orquestração e tonalidade realizados no ciclo do Anel são muito importantes para a história da música ocidental. Ele escreveu para uma grande orquestra, com uma variedade de instrumentos para expressar a grande gama de emoções e eventos do drama. Não satisfeito com os instrumentos contemporâneos, Wagner comissionou a produção de novos instrumentos, incluindo a trompa wagneriana. Wagner também se desvencilhou da tonalidade tradicional de forma que para grande parte da obra, especialmente a partir do terceiro ato de Siegfried, não se pode considerar somente certa tonalidade mais sim regiões tonais. Nota-se também que há uma transição suave e coerente entre tais regiões, o que evitava o uso de paradas completas da música. Um exemplo claro é Das Rheingold, que é contínua por duas horas e meia. Esse caráter indeterminado da tonalidade foi influenciado pela então crescente liberdade com a qual ele usava dissonância e cromatismo. A alteração de acordes cromaticamente, assim como uma variedade de usos de sétimas de nonas são bastante aplicadas na obra. Por disso, o ciclo do anel e Tristan und Isolde são frequentemente citadas como marcos para a quebra revolucionária de Arnold Schönberg com o conceito tradicional de tonalidade.


Método de composição


Assim como com seus libretos, as partituras de Wagner geralmente passavam por uma série de estágios distintos para chegar do rascunho à obra final; mas por ele ter mudado seu método de composição musical diversas vezes durante a escrita do ciclo do Anel, não há a mesma uniformidade na evolução da música assim como observado nos textos. Também, era comum Wagner esboçar o trabalho em dois ou mais rascunhos simultaneamente, alterando repetidamente. Por consequência, não é possível estipular a ordem exata em que os vários temas, leitmotifs e instrumentações foram desenvolvidas. Por outro lado, cada partitura passou por pelo menos três estágios, podendo chegar a mais.

O primeiro estágio era o rascunho preliminar e suplementar (Einzelskizzen). Antes de começar a composição propriamente dita, Wagner geralmente trabalha em alguns rascunhos com os quais poderia desenvolver. Eles geralmente eram fragmentos de frases musicais em folhas de rascunho; mas alguns chegavam a se tornar longas e elaboradas seções de música. Podiam ser nomeados, como por exemplo "Fafner", "Waldvogel". Diferente dos rascunhos preliminares de óperas anteriores, que eram geralmente conjuntos de linhas de texto, o trabalho de composição no ciclo do Anel era independente do texto. Mesmo havendo rascunhos de partes vocais, poucos deles continham texto associado.

O segundo estágio era o esboço preliminar (Gesamtentwurf), o primeiro esboço de toda a obra (no caso das duas primeiras óperas), ou de todo um ato (no caso das duas últimas óperas). Há geralmente somente uma pauta vocal e mais uma ou duas instrumentais. Os interlúdios instrumentais são geralmente elaborados em três pautas. O esboço preliminar de Das Rheingold era similar nos detalhes ao que Wagner compôs para Lohengrin; mas para as três óperas seguintes havia mais detalhamento, tal qual o esboço desenvolvido de Lohengrin.

O terceiro estágio era o esboço desenvolvido (Orchesterskizze). No caso dos dois primeiros atos de Siegfried, esboços preliminares foram feitos antes de Wagner proceder às partituras completas. Nestes esboços intermediários, ele trabalhou em todos os detalhes orquestrais, incluindo duetos instrumentais. Wagner usou o mesmo termo alemão para o esboço orquestral, o quarto estágio, na composição do terceiro ato de Siegfried e em todos os três atos de Götterdämmerung. Para tais atos, o esboço preliminar foi seguido por uma partitura curta e elaborada com duas ou três pautas vocais e até cinco pautas instrumentais.

O quinto estágio era o esboço de instrumentação (Partiturerstschrift). No caso das quatro cenas de Das Rheingold, o esboço preliminar foi seguido pelo que Wagner chamou Instrumentationsskizze, em que ele trabalhava a maioria dos detalhes orquestrais. Esse novo esboço era escrito com tantas pautas quanto necessário. O prelúdio instrumental da primeira cena não está incluído nesse esboço.

O sexto estágio era a partitura completa (Partiturerstschrift), em que a instrumentação estava completamente detalhada e diferentes pautas eram alocadas para os diversos cantores e instrumentos. Não houve uma partitura completa para Das Rheingold já que o esboço de instrumentação já era suficientemente detalhado.

O sétimo e último estádio era a cópia (Reinschrift der Partitur), uma nova versão (limpa) da partitura completa. Wagner realizou tal trabalho somente para Das Rheingold, Die Walküre e os dois primeiros atos de Siegfried. Para o terceiro ato de Siegfried e todos os de Götterdämmerung, não houve a necessidade de tal estágio já que os esboços já estavam à tinta.


Personagens


Deuses


* Wotan (Rei dos Deuses e Deus da luz, do ar e do vento) – baixo-barítono

* Fricka (esposa de Wotan, deusa do matrimônio) – mezzo-soprano

* Freia (irmã de Fricka, deusa do amor e da juventude) – soprano

* Donner (irmão de Fricka e de Freia, deus do trovão) – barítono

* Frey (irmão de Fricka, deus da felicidade) – tenor

* Erda (deusa da sabedoria e da Terra) – contralto

* Loge (semideus do fogo) – tenor

* O Nornas (as tecedoras do destino, as filhas de Erda) – soprano, mezzo-soprano e contralto


Volsungas


Os volsungas, descendência de Wotan (disfarçado como Volsa) com uma mulher mortal:

* Siegmund – tenor

* Sieglinde (irmã gêmea de Siegmund) – soprano

* Siegfried (filho do casal Siegmund e Sieglinde) – tenor


Valquírias


As valquírias, guerreiro-moças, filhas de Wotan e Erda:

* Brünnhilde – soprano

* Waltraute – mezzo-soprano

* Helmwige – soprano

* Gerhilde – soprano

* Siegrune – mezzo-soprano

* Schwertleite – mezzo-soprano

* Ortlinde – soprano

* Grimgerde – mezzo-soprano

* Rossweisse – mezzo-soprano


Donzelas do Reno


As donzelas do Reno são ninfas que guardam o ouro do rio Reno:

* Woglinde – soprano

* Wellgunde - soprano

* Flosshilde - contralto


Gigantes


* Fasolt – baixo-barítono

* Fafner (irmão de Fasolt, se transformou depois em um dragão) – baixo


Nibelungos


* Alberich – barítono

* Mime (irmão de Alberich, e o pai adotivo de Siegfried) – tenor


Mortais


* Gunther (Rei dos gibichungos, o filho de Rei Gibich e da Rainha Grimhilde) – barítono

* Gutrune (irmã do Rei Gunther) – soprano

* Hagen (o meio irmão de Gunther e de Gutrune, filho do nibelungo Alberich e da Rainha Grimhilde) – baixo

* Hunding (o marido de Sieglinde, o chefe do Neidings) – baixo


Outros


* A voz do pássaro da floresta – soprano



Fonte: http://pt.wikipedia.org


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