quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Der Ring des Nibelungen - Parte II - A Historia

Das Rheingold


Cena I


A obra é iniciada com um prelúdio de 136 compassos que representa o fluxo eterno do rio Reno, durando cerca de quatro minutos. Em sua autobiografia Mein Leben, Wagner menciona que a idéia surgiu enquanto estava sonolento em um hotel de La Spezia na Itália. A música cresce em poder e as cortinas se levantam. No rio, as donzelas do Reno se divertem nadando no rio, estando próximas ao "Ouro do Reno". Elas são irmãs ninfas; Woglinde e Wellgunde são mais jovens e inconsequentes, enquanto Flosshilde é um pouco mais velha, serena e responsável que as anteriores. Eis que surge das profundezas Alberich, um anão nibelungo, primeiramente sem ser notado pelas jovens, e que então tenta as cortejar, demonstrando interesse em tê-las para si. Por sua feiura e repulsividade, após um susto inicial por parte das jovens, elas partem para o gracejo, enfurecendo o sujeito. Em tom de brincadeira, elas chegam a ceder momentaneamente aos elogios, mas então fogem e continuam a zombaria. Após um ponto o nibelungo cede, exausto. Descobrindo um brilho dourado vindo de uma rocha próxima, ele pergunta para as ninfas o que era aquilo, curioso também pela reação de louvor delas ao objeto. Primeiramente incrédulas com a ignorância dele, elas respondem explicando sobre o "Ouro do Reno", e que eram responsáveis por sua guarda a pedido de seu pai. Em inconsequência infantil, Woglinde e Wellgunde acabam comentando que o tal ouro pode ser transformado em um anel mágico cujo dono se torna soberano do mundo. Flosshilde as adverte pelo comentário indevido a um estranho, mas elas reagem com desdém, justificando que somente alguém que primeiramente renunciasse o amor poderia realizar tal feito, para elas algo improvável. As jovens pensam que não há o que se preocupar com o anão; mas enfurecido pela zombação e interessado nos poderes místicos daquele tesouro, Alberich amaldiçoa o amor, captura o ouro e retorna para as profundezas, trazendo desilusão e lamento às guardiãs.


Cena II


Uma característica marcante também nas outras mudanças de cena, não há corte na música nem fechamento de cortinas para a transição do cenário. As águas se transformam em nuvens, e depois em uma névoa. Então, iniciando a segunda cena, é apresentado o topo de uma montanha e um imponente castelo ao fundo. Wotan, governante dos deuses, está dormindo no topo da montanha com sua esposa Fricka. Ela acorda e percebe o castelo e sua magnificência, acordando Wotan e anunciando que sua nova residência estava construída por completo. Os gigantes Fasolt e Fafner haviam construído o palácio, e em troca Wotan havia os oferecido Freia, irmã de Fricka e deusa do amor e da juventude.

Fricka teme por sua irmã, mas, com sua típica displicência, Wotan está confiante que não terá que completar o acordo. Segue então um pequeno desentendimento entre o casal: após ter sido questionado pela esposa pelo alto preço a pagar pela obra somente em busca de poder e prestígio, Wotan questiona a isenção de sua esposa, já que a sugestão da construção do castelo havia sido dela mesmo. Ela esclarece que seu desejo era criar um lar para que pudessem descansar. Ele prontamente treplica, argumentando que seria inútil tentar sossegá-lo. Após ser repreendido por Fricka, que o acusa de desrespeitar as mulheres, ele a lembra de que teve que perder um olho para tê-la como esposa (desde que o Wotan é apresentado ao público percebe-se que ele usa um tapa-olho).

Freia aparece apavorada, seguida dos gigantes (rústicos e armados com clavas), e Fasolt exige o pagamento da obra terminada. A esta altura, Wotan procura por Loge (deus do fogo): ele conta com sua astúcia para encontrar uma solução alternativa à barganha; foi inclusive ele um dos estimuladores do acordo, e quem havia prometido uma solução para livrar Freia. Donner (deus do trovão) e Froh (deus da primavera) aparecem para defender sua irmã, sendo impedidos por Wotan; ele não pode impedir os gigantes pela força, e renega o acordo.

Já impacientes com a situação, os gigantes exigem Freia. Fazendo-se de desentendido, Wotan os pergunta novamente qual era o acordo, e após ser respondido, alega que sua cunhada seria um preço muito alto. Os gigantes reagem incrédulos com o comentário: Wotan é um legislador, e em sua lança, símbolo de seu poder, há inscrições sobre o pacto; ele não deveria nem cogitar a quebra de um contrato. Entretanto, para seu alívio, Loge aparece com seu jeito irônico. Ele conta para os presentes sobre o roubo do "Ouro do Reno" por Alberich, e que o anão havia forjado um poderoso anel com aquele material. Wotan, Fricka e os gigantes se interessam pelo assunto e começam a desejar a posse do anel; Loge então sugere o roubo. Já Fafner exige todo o ouro como pagamento para a liberação de Freia, e os gigantes partem tendo ela como refém.

Freia tinha o hábito de cultivar maçãs douradas que, distribuídas entre seus familiares, mantinham os deuses eternamente jovens; sem elas, eles começaram a envelhecer e se enfraquecer. Para recuperar Freia das mãos dos gigantes, Wotan é forçado a seguir Loge nas profundezas da terra em busca do anel. Para os gigantes é interessante manter essa deusa longe dos seus familiares; com a fraqueza dos deuses, eles estariam sem seu jugo. Já Loge não é afetado pela falta das maçãs pois era um semi-deus, mas entendia o que estava acontecendo.

Um interlúdio orquestral começa, representando a descida de Loge e Wotan à Nibelheim, as cavernas onde moram os nibelungos. Com o cessar da orquestra, inicia um coro de dezoito bigornas, dando a noção do trabalho árduo dos anões naquela região.


Cena III


Chegando ao local, percebe-se que Alberich havia escravizado o resto dos anões de Nibelungo. Ele também havia forçado seu irmão ferreiro Meme a criar um elmo mágico, Tarnhelm, que Meme reluta em entregar ao irmão. Alberich demonstra o poder do equipamento ao tornar-se invisível.

Wotan e Loge chegam e encontram Mime gemendo de dor, que os informa sobre o término do ano e a miséria de Nibelungo sob governo de Alberich. Então eis que surge Alberich, ordenando a um grupo de escravos para que empilhem pedras de ouro. Quando eles terminam o serviço, Alberich os dispensa e descobre os dois visitantes. Envaidecido por elogios cínicos de Wotan, ele os informa sobre seus planos para governar o mundo e sobre os poderes mágicos de seu novo elmo. Astuto, Loge o desafia a demonstrar a mágica de Tarnhelm, e o anão se transforma em um dragão. Fingindo medo e admiração, Loge então o desafia a se transformar em uma pequena criatura, argumentando que assim seria mais fácil escapar do perigo. Alberich se transforma em um sapo, sendo rapidamente capturado por Wotan e Loge e levado à superfície.


Cena IV


De volta ao topo da montanha, Wotan e Loge forçam Alberich a trocar seus pertences (o resto do ouro e o elmo) por sua liberdade. Apesar de primeiramente relutar e ameaçar Wotan, sua mão direita é desatada, e com o anel ele ordena que seus escravos tragam todo o ouro à superfície. Ele já planejava reaver tudo posteriormente após ser libertado, com a ajuda do poder de seu anel. Após a entrega, o anão pede o retorno do elmo Tarnhelm, mas Loge nega, alegando que faz parte da quantia de resgate. Mesmo relutando de início, acaba acatando, ponderando que seu irmão poderia construir outro igual no futuro. Então Wotan pede para que o anel também seja entregue. Alberich se recusa e decide levar até as últimas consequências, mas Wotan tira o anel do dedo do anão, colocando em seu próprio dedo. Diferente de Wotan, extasiado pelo triunfo, Alberich está devastado por sua perda, e antes de fugir lança uma maldição ao anel: até que ele retorne para suas mãos, quem não o possuir o desejará, e quem o possuir terá infelicidade e morte.

Da névoa que persiste na região, Fricka, Donner e Froh chegam e são cumprimentados por Wotan e Loge, que os mostram o ouro que libertará sua irmã. Os gigantes Fasolt e Fafner também retornam com Freia. Fricka tenta se aproximar da irmã, sendo censurada pelos gigantes raptores, ainda incrédulos com o cumprimento da ordem de resgate. Relutante a liberá-la e já apaixonado pela moça, Fasolt insiste que deve haver ouro suficiente para esconder Freia de vista, minimizando a dor da despedida. O ouro então é empilhado por Loge (que pede ajuda a Froh para a tarefa), e Wotan é forçado a entregar também o elmo mágico para tirar sua cunhada completamente da vista. Entretanto, o gigante percebe uma abertura na pilha de ouro através da qual podia observar a dama, e exige que Wotan também entregue o anel. Loge lembra a todos que o anel é propriedade das donzelas do Reno, e que Wotan iria devolvê-lo posteriormente. Mas tomado por extrema ganância, Wotan se recusa a entregar o anel para qualquer outra pessoa, para desapontamento de Loge e dos gigantes, e estes já se preparam para deixar as terras novamente, levando Freia embora para todo o sempre.

De repente surge de uma fenda do solo Erda, deusa da terra. Ela avisa Wotan sobre um desastre eminente, e insiste para que ele evite o anel amaldiçoado. Atordoado e tocado pela mensagem, Wotan chega a pedir mais ensinamentos àquela figura, que some de maneira tão misteriosa quanto sua chegada. Ele então entrega o anel aos gigantes e Freia é liberada. A dupla de gigantes começa então a dividir o tesouro, mas há uma disputa quanto a posse do anel e a divisão do ouro. Fasolt está indignado e pede um julgamento justo aos deuses, sendo desprezado por aqueles. Fafner então ataca Fasolt até a morte e deixa a região levando consigo toda a quantia do resgate. Horrorizado, Wotan percebe a gravidade do terrível poder da maldição de Alberich, e Fricka tenta acalmá-lo.

Por fim, os deuses preparam-se para entrar no recém construído castelo, sua nova moradia. O céu, que estava encoberto e sinistro, é limpado por um trovão lançado por Donner. Froh então cria uma ponte de arco-íris para que os presentes possam se dirigir até a porta do castelo. Wotan lidera o grupo, e nomeia o castelo Valhala. Fricka o pergunta sobre o nome, e ele responde que seu significado será revelado posteriormente se tudo ocorrer bem.

Loge, que sabe que o fim dos deuses está chegando, observa à distância os outros se dirigindo à Valhala. Ele não oculta a si mesmo os problemas que ainda vêm. Abaixo do morro, as ninfas lamentam a perda do ouro. Wotan questiona o fato, e Loge explica sobre as ninfas. Wotan ordena que Loge as faça parar, sendo prontamente atendido pelo semi-deus; mas as jovens recomeçam o lamento. Wotan, que havia começado uma cadeia de problemas que, segundo Erda, resultaria em desastre eminente, vê em si a responsabilidade para resolver o problema. Ele então tem uma idéia para resolver a questão.


Die Walküre

Ato I


Cena I


A obra é iniciada com personagens cujas identidades são desconhecidas, uma técnica já usada pelo autor em outras óperas fora da tetralogia do Anel, como Lohengrin. Durante uma grande tempestade, Siegmund procura abrigo na residência do guerreiro Hunding. O local é uma habitação rude, e há uma grande árvore no centro da sala. O dono da casa não se encontra no local, mas, exaurido e caindo próximo a uma lareira, Siegmund é recepcionado por Sieglinde, esposa infeliz de Hunding. Ele a conta que estava escapando de seus inimigos e que agora está ferido. Após beber um pouco de hidromel oferecido pela mulher, já se direciona para a saída alegando estar amaldiçoado pelo infortúnio. Ele acrescenta que sempre leva a desgraça onde quer que vá. Entretanto, ela o convida a permanecer, justificando que ele não pode trazer infortúnio a um lar onde a má sorte já reside, em referência a sua infelicidade.

Cena II

Ao retornar, Hunding relutantemente oferece hospitalidade ao visitante. Marcando a transição para a segunda cena, a entrada desse novo personagem é caracterizada por compassos curtos que demonstram seu caráter sombrio. Hunding se surpreende com tamanha semelhança entre sua esposa e o forasteiro. Ele começa a conversar com o hóspede, perguntando seu nome, até então desconhecido. Siegmund responde que não pode se chamar Pacífico nem Jubiloso, mas sim Doloroso.

Sieglinde, cada vez mais fascinada pelo sujeito desconhecido, pede para que ele conte sua história enquanto os homens comem. Siegmund então descreve um dia estar voltando para casa com seu pai após caçarem juntos, encontrando sua casa incendiada, sua mãe morta e sua irmã gêmea desaparecida, raptada pelo povo Neindinge (invejoso). Ambos passam a viver na floresta, lutando contra inimigos que por vezes apareciam. Hunding então o interrompe por um momento, mencionando que já havia ouvido falar sobre rumores dessa corajosa dupla que vivia na floresta. Siegmund continua sua história, e como o povo Neindinge os perseguiu de forma que ele perdesse contato com seu pai. Nessa hora a orquestra executa o tema da Valhala, uma referência a origem do pai de Siegmund, ainda desconhecida. Agora sozinho, ele deixa a floresta e se torna um desafortunado.

Após comentário seco de Hunding, Sieglinde pergunta ao hóspede como perdeu suas armas. Ele explica que certo dia encontrou uma garota sendo forçada a se casar, e discutiu com os parentes da moça, matando seus irmãos. Entretanto, por vingança suas armas foram quebradas e a moça morta pelo restante dos familiares. Desarmado e ferido, ele então escapou do local, chegando eventualmente à residência de Hunding. Quando Siegmund termina, Hunding revela que é um dos seus capturadores (assume-se que é um dos membros da família que quer vingança). Ele garante uma noite de hospedagem ao estranho, mas o desafia para um duelo na manhã seguinte. Hunding então deixa a sala com Sieglinde, ignorando o desconforto de sua esposa. Antes de deixar o recinto, ela indica um ponto específico da árvore em sua sala ao visitante, que não entende o significado.


Cena III


Iniciando outra cena, anoitece. Sozinho, Siegmund lamenta sua desgraça, citando a promessa de seu pai de que ele encontraria uma espada quando precisasse (lembrar que suas armas estavam quebradas pela batalha anterior, ele não tinha no momento outras disponíveis para duelar). Ele se sente desprotegido no local, apesar da presença da mulher adorável que acabara de conhecer. Começa então a invocar Volsa pela espada diversas vezes, um nome cujo significado é entendido posteriormente. Com o apagamento da lareira, ele percebe um clarão na árvore antes indicada por Sieglinde, e questiona o que seria aquilo.

Sieglinde retorna, explicando ter drogado a bebida de seu marido com uma erva narcótica para que repousasse profundamente. Ela diz querer mostrá-lo uma arma, e começa revelando que havia sido forçada a casar-se com Hunding após ter sido raptada. Durante a festa de casamento, um velho homem com um dos olhos cobertos apareceu e encravou uma espada no tronco de uma árvore localizada no centro da sala de sua casa, que nem Hunding nem seus comparsas conseguiam retirar. (Posteriormente descobre-se que o velho homem era Wotan, seu pai.) Ela toma conhecimento do tal velho e a que a espada se destina, e expressa seu anseio pelo herói que poderia obter a espada para si e salvá-la de sua condição atual. Após ouvir a história, Siegmund expressa seu amor pela mulher, sendo correspondido por ela, que por sua vez tenta entender de onde já o reconhece. Deduzindo que o forasteiro era seu herói, quando ele cita o nome de seu pai, Volsa, ela declara que ele é Siegmund, e que a espada era destinada especialmente para ele. A porta se abre sozinha, assustando os dois.

Siegmund então obtém a espada para si facilmente, e ela declara que é Sieglinde, sua irmã gêmea. Ele então nomeia a espada Nothung. O ato se encerra com Siegmund chamado Sieglinde por noiva e irmã, acariciando-a, e os dois partem do local.


Ato II


Cena I


Wotan está nas rochas de uma montanha com Brünnhilde, uma de suas filhas valquírias. Ambos animados, ele a instrui a proteger Siegmund de um eminente ataque de Hunding (que após acordar do longo repouso proporcionado pelas drogas, estaria furioso pela ausência de sua esposa). Ela acata o pedido exclamando o brado típico das valquírias, e então percebe que Fricka está chegando rapidamente em um carro movido a carneiros. Fricka é esposa de Wotan e guardiã dos casamentos. A valquíria deixa o local. Ao chegar, claramente transtornada, Fricka exige a punição de Siegmund e Sieglinde por adultério e incesto. Ela sabe que Wotan era pai do casal; apesar de deus, ele também é conhecido como o homem mortal Volsa. Em seu contrato de casamento, Wotan prometeu ajudá-la em todos os momentos, ele deveria cumprir mais esse tratado. Ele protesta, alegando que precisava de um herói livre (não governado por ele, o governante dos deuses) para executar seus planos.Também alega que não vê problema na união dos dois, que foi motivada por amor. Mas Fricka replica, alegando que Siegmund não passa de um fantoche dele e não um herói livre, e censura a relação incestuosa do casal, inaceitável segunda ela, e a desonra da quebra do casamento entre Hunding e Sieglinde. Sem saída, tendo que cumprir seu contrato com a esposa, Wotan a promete cumprir sua última exigência: retirar a magia da espada de Siegmund de forma que ele perca o duelo, e que a valquíria não o ajude nessa batalha. Brünnhilde chega e Fricka parte, não antes de dizer à moça que seu pai tem algo a dizer.


Cena II


Fricka se retira, deixando Brünnhilde com um Wotan desamparado, bem diferente de quando haviam se encontrado pela última vez. Após pedido, Wotan a explica seus problemas, primeiramente hesitante ao se abrir com a filha, o que poderia fazer com que perdesse sua figura autoritária. Ele começa desde seus impulsos que o fizeram mal uso dos tratados que legisla e a participação de Loge, o "O Ouro do Reno" e o anão Alberich, a mensagem transmitida por Erda já prevendo desastre eminente. Inclusive, Brünnhilde é sua filha com Erda; ela e suas oito irmãs cresceram como as valquírias, damas da guerra que levam as almas dos heróis mortos para formar na Valhala um exército contra Alberich. Era uma tentativa de Wotan de reverter os fatos que estavam se sucedendo desde que ele havia sido amaldiçoado pelo anel. Neste momento, ela o interrompe momentaneamente para dizer-lhe que o exército está em boas condições, mas é avisada por Wotan que o problema ainda não era esse, havia mais a ser explicado. Ele continua, dizendo que o exército seria derrotado se Alberich tivesse posse do Anel, que no momento estava sob posse do gigante Fafner. Usando o elmo mágico Tarnhelm, o gigante havia se transformado em um dragão, circulando pela floresta com o tesouro do nibelungo. Wotan não poderia obter o anel de Fafner através da força, pois era governante e a posse do anel estava com o gigante sob contrato, não havia nada a fazer por conta própria. Ele precisava de um herói livre para derrotar Fafner em seu lugar, uma pessoas isenta de sua influência. A valquíria chega a citar Siegmund. Entretanto, como apontado por Fricka, Wotan só consegue criar servos para si, meros fantoches como Siegmund não eram pessoas livres de fato.

Severamente, Wotan ordena Brünnhilde a obedecer Fricka e assegurar a morte de Siegmund, filho de Wotan e meio-irmão da valquíria. Ela hesita, questionando as ordens contraditórias de seu pai, mas por fim acata o pedido. Ele sai, deixando-a sozinha para se preparar para o duelo que viria a seguir.


Cena III


Após fugir da residência de Hunding, o casal Siegmund e Sieglinde chega à passagem da montanha, onde Sieglinde desaba exausta e sentindo-se culpada, indigna do amor de Siegmund. Ele a conforta, afirmando que se vingará de Hunding. Ela alega começar a ouvir a perseguição de seu marido, e delira, já antevendo o duelo.


Cena IV


Brünnhilde chega de uma gruta e se aproxima de Siegmund, contando-o sobre sua morte eminente. Ela diz que sua função é se apresentar àqueles prestes a morrer, levando-os à Valhala. Os dois conversam sobre a vida que Siegmund teria nesse novo lugar, e por fim ele recusa segui-la quando descobre que Sieglinde não poderia o acompanhar. Ela lhe diz que não resta outra alternativa, mas ele replica que não haveria como morrer tendo a espada mágica de seu pai em punho. A valquíria o esclarece que a mesma pessoa que o havia concedido a espada retirara seu poder. Siegmund revolta-se com a traição que ocorrera, clamando preferir ir ao inferno que acompanhar Brünnhilde à Valhala.

Transtornado, o guerreiro já ameaça matar sua esposa, sendo impedido pela valquíria. Impressionada por sua coragem e comovida pela situação, Brünnhilde reconsidera e concorda em proteger Siegmund, desrespeitando as ordens de seu pai. Com seus votos de bênção, ela deixa o local.


Cena V


Enquanto Siegmund contempla sua noiva repousando, Hunding chega anunciado por sua trompa, os dois discutem e Hunding ataca seu oponente. Abençoado pela imortal Brünnhilde, Siegmund reage e toma vantagem no duelo, mas Wotan aparece e estilhaça Nothung (a espada de Siegmund) com sua lança. Desarmado, Siegmund é morto por Hunding. Brünnhilde reúne Sieglinde e os pedaços da espada, e foge em seu cavalo Grane. Wotan observa muito triste seu filho morto. Em sua fúria, mata Hunding com somente um gesto, e parte em perseguição a sua filha, que havia desrespeitado sua ordem, deixando a cena ao som de um trovão.


Ato III


Cena I


Em uma passagem musical conhecida como a Cavalgada das Valquírias (conhecida amplamente por sua utilização em outros meios), as valquírias Gerhilde, Ortlinde, Helmwige, Schwertleite, Waltraute, Siegrune, Grimgerde e Rossweisse se reúnem em uma montanha, cada uma com seu cavalo e levando um herói morto. Elas se espantam quando Brünnhilde chega trazendo consigo uma mulher viva. Ela pede ajuda a suas irmãs, explicando a perseguição de Wotan, mas elas não ousam desafiar seu pai. Insiste, pedindo um cavalo para a moça, mas elas estão irredutíveis. Brünnhilde então decide esperar Wotan enquanto Sieglinde foge. Antes de se retirar, Brünnhilde revela que Sieglinde está grávida de Siegmund, e chama o garoto ainda não nascido Siegfried. Sieglinde agradece e parte para a floresta. Ouve-se a voz enfurecida de Wotan, e as valquírias rodeiam Brünnhilde a fim de protegê-la de seu pai.


Cena II


Wotan chega enfurecido, exigindo que as outras valquírias entreguem Brünnhilde. Apesar delas tentarem acalmá-lo, ele se enfurece ainda mais com a atitude fraternal "mortal" das moças, indignas de sua condição de valquírias. Por fim, Brünnhilde se apresenta, e Wotan a julga: ela tem seu status de valquíria retirado, tornando-se uma mortal (um grande castigo a uma valquíria), e entrará em sono mágico na montanha até que um homem a salve, tornando-se seu esposo. As outras valquírias rogam piedade, mas fogem do local após Wotan exigir que elas se retirem, ameaçando estender a punição a elas.


Cena III


Brünnhilde suplica piedade a Wotan, ela que era sua filha favorita. Ela explica a coragem de Siegmund e sua decisão de protegê-lo, conhecendo os reais desejos de Wotan e não os impostos por Fricka. Entretanto, Wotan mantém a decisão. Já conformada com o fato de tornar-se uma mortal, ela ainda não aceita estar a mercê de um homem qualquer, sem valor. Chega a citar Siegfried. Wotan reafirma a decisão, enfatizando que qualquer um que a acordar do sono profundo a terá como esposa. Ela insiste, pedindo que somente um bravo herói digno consiga acordá-la do sono. Apesar de resistência inicial, seu pai acaba acatando o pedido, emocionado com a situação. Wotan define que o perímetro da montanha esteja coberto por fogo mágico, de forma que somente os bravos heróis dignos do amor da ex-valquíri a encontrem. Através do leitmotiv, ambos percebem que esta pessoa será o ainda não nascido Siegfried. Para realizar o pedido, Wotan deita Brünnhilde em uma rocha e a beija, iniciando o sono mágico. Ele invoca Loge para iniciar o círculo de fogo que a protegerá, sendo prontamente atendido. Ele então parte, citando "(…) quem teme a ponta de minha lança não passará pelo fogo"; isto é, somente pessoas livres poderão passar pelo fogo, quem não for regido pelo governante dos deuses.


Siegfried


Cena I


Irmão de Alberich, Mime, está forjando uma lâmina de espada em sua caverna no meio da floresta. Enquanto trabalha, reclama sobre não conseguir forjar os pedaços de uma certa espada, e sonha com o tesouro almejado anteriormente por seu irmão. O nibelungo tem como objetivo obter o anel para si, tendo criado o orfão Siegfried para matar Fafner por ele. O gigante possuía o anel e do elmo mágico Tarnhelm; este, com qual havia se transformado em dragão. Mime precisava da espada para que Siegfried usasse, mas o jovem quebrava facilmente todas as lâminas forjadas.

Siegfried retorna de suas caminhadas na floresta com um urso encoleirado, o que apavora Mime, que pede a retirada do animal. O jovem atende o pedido e solta o urso, que sai pela floresta. Ele se incomoda com a falta de progresso de Mime na forja da espada. O velho então o apresenta sua nova produção, que assim como todas as anteriores, é destruída por Siegfried, já enfurecido. Mime tenta acalmá-lo, lembrando-o sobre a gratidão que o jovem o deve pela tutoria durante tantos anos. Entretanto, o jovem não o suporta. Siegfried exige saber sobre seus pais; nas suas caminhadas ele havia percebido que, entre todos os animais, os filhos possuem pai e mãe, e estes são parecidos com a cria. Mime era nada parecido com Siegfried, mas o velho explica que é tanto pai quanto mãe do garoto. Ameaçado por Siegfried, Mime é forçado a ceder e explicar sobre a mãe do jovem, a moribunda Sieglinde. Ela morrera durante o parto do filho, não antes de confiar ao nibelungo os cuidados do bebê. Perguntado sobre seu pai, Mime explica possuir total desconhecimento, exceto pelo fato dele ter morrido em combate, como informado por Sieglinde. Como prova do que havia acabado de contar, ele também mostra ao jovem os estilhaços da espada Nothung, e Siegfried o ordena reforjá-la, animando-se com o potencial dessa arma de verdade. O jovem então deixa o local.


Cena II


Mime está desesperado: estava acima de sua capacidade consertar a Nothung. Um velho homem (a platéia percebe ser Wotan) aparece abruptamente na residência. Sua presença não é positiva ao nibelungo, que deseja a retirada do sujeito, apesar da insistência. O andarilho propõe a aposta de sua cabeça em um jogo de três charadas para Mime, que aceita a fim de dispensar o sujeito mal vindo. Ele pergunta ao andarilho o nome das raças que vivem abaixo do solo, na superfície e nos céus. O andarilho responde corretamente os nibelungos, os gigantes e os deuses, respectivamente. Mime então pede que o sujeito se retire, mas, não se dando por vencido, Mime é então forçado pelo sujeito a apostar sua cabeça para responder charadas. Ele é perguntado sobre a raça mais amada por Wotan (ainda que tratada cruelmente), o nome da espada que pode destruir Fafner e a pessoa que pode fabricar a lâmina da espada. Mime responde corretamente as duas primeiras perguntas, os Volsungas e Nothung respectivamente. Entretanto, ele é incapaz de responder a última charada. Wotan livra Mime, explicando-o que somente quem não conhece o medo pode reforjar Nothung, declara que sua cabeça pertence à tal pessoa livre do medo e deixa a residência.


Cena III


A essas alturas Mime já está alucinado. Siegfried retorna, exigindo a reparação da espada estilhaçada. Mime percebe que a única coisa que não havia ensinado a Siegfried durante sua criação foi o medo. Ao saber disso, Siegfried se mostra interessado em aprender sobre o medo, e Mime promete ensiná-lo ao levá-lo ao encontro do dragão Fafner.

Como o nibelungo não consegue forjar a espada por conta própria, Siegfried decide realizar a tarefa sozinho, tendo sucesso na tarefa apesar da descrença de Mime. Nesse meio tempo, Mime percebe que, com o acordo com o andarilho, sua cabeça agora pertence a Siegfried. Ele então prepara uma bebida envenenada para oferecer ao jovem logo após ele derrotar o dragão. Ao terminar a forja, o jovem demonstra o poder de sua lâmina ao partir uma bigorna ao meio, impressionando o nibelungo.


Ato II


Cena I


É noite e se está na saída da caverna do gigante Fafner, que, sob forma de dragão por conta do elmo mágico, guarda consigo o elmo, o anel e o tesouro obtido com o contrato de Wotan. O andarilho chega ao local, onde Alberich mantém vigia esperando a oportunidade de reaver o anel que anteriormente já teve posse. Os dois inimigos logo se reconhecem (ao contrário de Mime, que em nenhum momento percebe que o andarilho é Wotan). Alberich conta seus planos para dominar o mundo assim que o anel retorne para si. Calmamente, Wotan alega que não deseja obter o anel, estando ali somente como observador. Alberich não acredita nas intenções de Wotan, alegando que o herói livreera a forma indireta de Wotan obter o anel, então ele ainda estava interessado. Wotan então o alerta, dizendo que Mime é que está usando o jovem Siegfried para obter o anel, era com seu próprio irmão que Alberich deveria se preocupar. Ele termina, dizendo que logo o jovem chegaria ao local com seu tutor a fim de matar o dragão.

Para surpresa do nibelungo, Wotan acorda Fafner e o informa sobre o herói que está chegando para lutar contra ele. Ele propõe que ele ceda o anel pacificamente para sair ileso. Sem se importar, o dragão se recusa a entregar o anel e retorna ao sono. Wotan parte e Alberich se esconde em uma fenda das rochas do local.


Cena II


Ao amanhecer, Siegfried e Mime chegam ao local, e Mime decide recuar enquanto Siegfried confronta o dragão. Enquanto o jovem espera Fafner aparecer, divaga sobre seus verdadeiros pais e percebe um pássaro da floresta em uma árvore. Amigável ao ser, ele tenta imitar seu canto usando um pífaro talhado na hora, sem sucesso. Ele então executa uma nota em sua trompa, acordando Fafner e levando-o para fora de sua caverna. Apesar da fúria do dragão, Siegfried age como de costume, atrevido. Após discussão, eles lutam, e Siegfried fere o coração do inimigo com a Nothung.

Os irmãos nibelungos Alberich e Mime discutem sobre a posse do Anel

Em seus últimos momentos, Fafner toma conhecimento do nome de Siegfried, diz um pouco de sua história e que havia matado seu irmão Fasolt. Por fim, o alerta sobre traição. Quando Siegfried remove sua espada do cadáver, suas mãos são queimadas pelo sangue do dragão, e ele instintivamente as coloca em sua boca. Ao provar o gosto do sangue, ele percebe que agora consegue entender a língua do pássaro da floresta. O pássaro lhe revela os poderes do anel e do elmo mágico, e Siegfried entra na caverna para procurar tais tesouros.


Cena III


Mime retorna para assegurar a morte do dragão, Alberich também chega ao local e os dois discutem sobre o direito de posse do anel. Com o retorno do jovem os dois irmãos cessam a discussão e deixam o local. Seguindo suas instruções, ele toma para seu o anel e o elmo mágico da residência de Fafner, e ignora o resto de tesouro. O pássaro então o alerta sobre as intenções de Mime, e avisa que agora o jovem possuía o dom da clarividência por conta do sangue do dragão. Mime reaparece, e Siegfried reclama que ainda não havia aprendido o significado do medo. Mime então o oferece a bebida envenenada com um jeito amigável, mas Siegfried consegue ler os pensamentos de cobiça, ódio e assassinato na mente do velho nibelungo. Ele então mata o nibelungo com um golpe de sua espada, e atira o corpo de Mime na caverna de Fafner, assim como o cadáver de próprio dragão.

Após pedido de Siegfried, que lamentava sua solidão, o pássaro da floresta começa a cantar sobre uma mulher dormindo em uma rocha rodeada por fogo mágico, e cujo herói que, salvando-a, tornar-se-ia noivo da dama. Imaginando se finalmente poderia entender o significado do medo, Siegfried parte para a montanha, guiado pelo pássaro.


Ato III


Cena I


Ainda sob forma de andarilho, Wotan aparece no caminho da rocha onde repousa Brünnhilde e invoca Erda, deusa da terra. Aparentando estar confusa e questionando o motivo de ter sido acordada, ela emerge da gruta onde se encontrava. Wotan se identifica e pede conselhos, mas Erda o sugere procurar suas filhas nornas. Wotan insiste, mas Erda faz nova sugestão: que ele procurasse Brünnhilde, uma das valquírias filhas de Erda com Wotan.

Ele responde alegando que era justamente sobre ela o assunto, e descreve a situação atual da valquíria, que estava condenada a sono profundo por sua desobediência. Apesar do espanto de Erda, Wotan continua, citando que seu período de sabedoria estava chegando ao fim. Ele a informa que não teme mais o destino final dos deuses; é inclusive seu desejo que isso ocorra. Sua herança seria deixada para o Volsunga Siegfried, e sua filha Brünnhilde trabalharia nas tarefas que ainda assolavam o mundo. Dispensada, Erda mergulha novamente às profundezas da terra.


Cena II


Wotan permanece no local. Siegfried chega auxiliado pelo pássaro da floresta, que parte ao ver o andarilho. Wotan pergunta o destino do jovem, e pensando que aquela pessoa poderia ajudá-lo, Siegfried responde que procurava uma rocha sobre a qual repousava uma mulher. Segue um interrogatório de Wotan ao jovem, que, por sua vez, começa a se irritar. Em uma discussão agora acalorada, o andarilho adverte Siegfried para que ele não desafiasse, mas o jovem, que ainda não conhecia o medo, age atrevidamente como de costume. Ele responde insolentemente e se direciona a caminho da rocha de Brünnhilde.

Wotan bloqueia a passagem de Siegfried através da lança dos tratados, e o avisa que a mesma lança já havia quebrado a espada que o jovem tinha em punho. Percebendo então que aquele sujeito era o responsável pela morte de seu pai, o dono original da espada, Siegfried quebra a lança com um golpe da Nothung. Calmamente, Wotan reúne os estilhaços de sua arma e deixa o local. Siegfried chega às rochas e observa o círculo de fogo que enfrentará. Ele sopra sua trompa e avança sobre o fogo, que é rapidamente amenizado.


Cena III


Siegfried encontra Brünnhilde e seu cavalo Grane. Primeiramente pensa tratar-se de um homem, ao observar a armadura típica das valquírias. Entretanto, remove a armadura com sua espada e encontra a mulher por trás do equipamento. Incerto sobre como agir por nunca antes ter visto uma mulher, clama por sua mãe e experimenta o medo pela primeira vez. Desesperado, ele a beija, acordando-a do sono mágico. Questionando quem ser aquela pessoa que a havia acordado, ele se apresenta. Ela responde, dizendo que já havia cuidado do jovem antes mesmo dele ter nascido. Confuso, Siegfried chega a cogitar ser ela sua mãe, mas Brünnhilde responde que não, e que sua mãe nunca mais voltaria.

Siegfried começa a se atrair pela moça, sendo repelido por ela. Brünnhilde está triste por ter perdido a condição de valquíria, mas acaba cedendo e se entrega ao amor de Siegfried, renunciando o mundo dos deuses.



Götterdämmerung


Prólogo


Filhas de Erda, as três nornas estão próximas à rocha de Brünnhilde, tecendo o fio do destino. É noite e elas cantam sobre o passado, como o fogo erguido por Loge a mando de Wotan para circundar Brünnhilde. Elas contam a origem da lança de Wotan, o subjulgamento de Loge, o roubo do ouro do Reno pelo anão Alberich. Enquanto isso, o fio se embaraça na ponta de uma rocha, cortando-o parcialmente. Elas continuam narrando a maldição do anel, e quando Wotan ateará fogo à Valhala para marcar o fim dos deuses. Inesperadamente, o fio se rompe, e as nornas desaparecem nas profundezas lamentando a perda do seu conhecimento.

Com o amanhecer, Siegfried e Brünnhilde surgem de uma gruta após consumarem seu amor. Ela o envia para novas aventuras, pedindo-o que mantenha seu amor em mente. Como demonstração de fidelidade, ele a dá seu anel obtido de Fafner, e é agraciado com o cavalo dela, Grane e seu escudo de valquíria. Por fim, ele parte com o escudo e o cavalo.


Ato I


Cena I


O primeiro ato inicia no salão do palácio dos gibichungos, um povo que vive às margens do rio Reno. Vê-se sentado em seu trono o rei Gunther. Questionado por Gunther sobre sua dignidade perante o povo, seu meio-irmão Hagen o sugere encontrar uma mulher para si, e um marido para sua irmã Gutrune. Ele menciona Brünnhilde para ele e Siegfried para ela. Ao saber da condição da moça, que vivia no alto de uma rocha circundada por fogo, Gunther questiona como poderia chegar até ela. Hagen esclarece que somente um homem era capaz de realizar tal feito, Siegfried, contando sobre o feito do jovem ao matar um dragão, dando-o fama e um tesouro.

Gunther ainda não entende como poderia chegar a Brünnhilde, mas ouve de Hagen que seria o próprio Siegfried que a traria para si, após ser seduzido por Gutrune. Hagen sugere usar uma poção mágica para entorpecer o jovem a fim de esquecer sua amada, de forma que, sob influência, ele poderia se apaixonar por Gutrune e trazer sua esposa Brünnhilde a Gunther.

Gunther não esconde sua alegria com o plano, e pergunta a seu irmão como encontrar o herói. Ele responde que Siegfried estava sempre à procura de aventuras, e eventualmente chegaria ao local. E isso realmente acontece.


Cena II


Siegfried vai ao encontro dos gibichungos à procura de Gunther, que se apresenta e o recepciona. O hóspede demanda a luta ou a amizade entre os dois, o que é prontamente respondido pela escolha da amizade. Gunther o oferece todo seu reino à disposição do herói. Não tendo bens, Siegfried oferece somente a si mesmo, como companheiro e como soldado. Hagen o pergunta sobre o tesouro do nibelungo, e Siegfried o responde que não tinha o menor interesse naquilo, deixando na gruta do dragão. Hagen novamente o questiona, se ele realmente não havia tomado consigo nada daquele tesouro, e Siegfried responde que tinha apenas o elmo mágico Tarnhelm, e um certo anel. Hagen conhece a natureza dos dois objetos, e, percebendo que Siegfried não o estava usando, pergunta se o anel estava bem guardado. Siegfried responde que o anel estava com sua esposa Brünnhilde, o que desperta o interesse de Hagen.

Gutrune o oferece sua poção do amor disfarçada numa bebida, e ao beber Siegfried acaba esquecendo seu amor por Brünnhilde e se apaixona por Gutrune. Tímida, ela sai do recinto, e o entorpecido Siegfried pergunta a Gunther se ele tem uma esposa. Ele responde negativamente, mencionando que a única mulher que o interessa é inalcançável. Siegfried o oferece ajuda, e então Gunther o avisa sobre Brünnhilde e o fogo mágico.[2] Percebe-se que Siegfried realmente se esqueceu por completo do seu passado e do seu amor com Brünnhilde. Eles juram fraternidade pelo sangue, com punição pela morte, e partem para a rocha de Brünnhilde. Hagen permanece para guardar o palácio, e Gutrune aparece para perguntar sobre Siegfried. Por fim, Hagen pensa consigo mesmo sobre seus planos: os noivos para os irmãos e o anel para si.


Cena III


Enquanto isso, volta-se a rocha onde vive Brünnhilde. Ela ouve um cavalo chegando, e eis que chega uma de suas irmãs, a valquíria Waltraute. Brünnhilde a pergunta o motivo da visita, já que Wotan havia proibido; também pergunta se seu pai já estava mais brando, e cita sua felicidade com Siegfried. Claramente abalada desde a chegada, a irmã responde que havia chegado por questões mais sérias.

Ela relata que desde a exclusão de Brünnhilde, Wotan já não as enviava para as batalhas, ignorando os heróis, voltando para suas peregrinações. Ele sempre tinha em mãos os fragmentos de sua lança. Ele teme perdê-la, pois ela possui todos os tratados e barganhas que ele já havia feito, tudo o que o fortalece. Ele havia ordenado que os galhos da Yggdrasil, a Árvore do Mundo, fossem empilhados ao redor da Grande Sala da Valhala. Também havia enviado seus corvos para espiar o mundo e o informar sobre todas as notícias; só poderiam voltar para trazer boas notícias. Descrente, Wotan já esperava o fim da Valhala. As valquírias ainda sugeriram que o fim poderia ser evitado se Brünnhilde devolvesse o anel ao seu dono de direito, as donzelas do Reno.

Waltraute suplica à Brünnhilde para devolver o anel às ninfas, já que a maldição daquele objeto agora estava afetando seu pai, Wotan. Entretanto, Brünnhilde se recusa a se desfazer do símbolo do amor de Siegfried. Mesmo com insistência, Brünnhilde não cede, e então Waltraute parte desamparada.

Começa a anoitecer, e as chamas ao redor de sua morada se intensificam, o que a faz crer no retorno do amado. Era justamente Siegfried retornando, mas disfarçado de Gunther através do seu elmo mágico, Tarnhelm. Ele exige Brünnhilde como sua esposa, forçando-a a segui-lo nem que fosse pela força. Ela percebe nisso um castigo de Wotan, e luta com desconhecido. Apesar da resistência violenta da moça, ele a domina, pegando para si o anel, e exige que ela entre na gruta.


Ato II


Cena I


Hagen repousa no palácio, e é visitado por seu pai Alberich. O velho o ordena obter o anel, perguntando sobre o progresso desse plano, e o filho jura obtê-lo. Em diversos momentos, Alberich pergunta se o filho está dormindo: questiona-se se esta cena representa um sonho de Hagen com o pai. Para reforçar a hipótese, Alberich cita em certo momento: "Não ouves a mim, que não mais tenho repouso nem sono?".

[editar] Cena II

Com o amanhecer, Siegfried retorna, assumindo sua forma natural novamente e animado com o sucesso de sua missão. Ele acorda Hagen, que o pergunta sobre os últimos acontecimentos. Siegfried o explica que havia retornado da rocha de Brünnhilde, e pergunta por Gutrune. Ela chega e, curiosa, também pergunta sobre as últimas novidades. Siegfried narra os fatos recentes, assegurando sua fidelidade à Gutrune. Ele explica que logo chegariam Gunther e Brünnhilde, e Hagen os identifica ao longe. Siegfried e Gutrune partem para os preparativos do casamento, restando apenas Hagen no recinto.


Cena III


Hagen sobe numa rocha e então convoca os gibichungos com seu berrante. Ele clama que há perigo, e que eles deveriam portar suas armas. Os soldados chegam afoitos, curiosos com a chamada inesperada. Hagen os explica que Gunther chegaria com sua noiva, e os homens se perguntam qual era o perigo eminente. Hagen continua, contando que eles deveriam sacrificar animais aos deuses, e que deveriam encher os copos de hidromel. Ao esclarecer que eles deveriam aproveitar o momento, os soldados se tranquilizam e celebram. Gunther e Brünnhilde se aproximam, enquanto os gibichungos os saúdam.


Cena IV


Os dois chegam, e se percebe a desolação de Brünnhilde; ela se espanta ao ver Siegfried, após Gunther cumprimentar Siegfried e anuncia seu casamento com Gutrune. Notando o anel nas mãos dele, deduz que ele havia roubado de Gunther. Os gibichungos também se espantam. Hagen pede atenção de todos às palavras de Brünnhilde. Siegfried alega que o anel era fruto da luta contra o dragão Fafner, e Gunther alega que não havia dado o tesouro para Siegfried. Ela então toma conhecimento da traição, denunciando Siegfried em frente aos vassalos de Gunther, declarando que Siegfried é seu esposo. Siegfried jura em honra da lança de Hagen que aquelas acusações são falsas, o que é repetido por Brünnhilde. Os presentes oram a Donner por justiça. Por fim, Siegfried parte com Gutrune e os convidados para a festa de casamento.


Cena V


Restam no recinto somente Brünnhilde, Hagen, e Gunther. Completamente envergonhado com a atitude de Brünnhilde perante seu povo, Gunther concorda com a sugestão de Hagen de matar Siegfried para recuperar sua honra. Buscando vingança da traição de Siegfried, Brünnhilde também concorda, e informa a Hagen única fraqueza do herói: apesar dela ter usado mágica para preveni-lo de qualquer mal em luta, ela havia deixado as costas desprotegidas, sabendo que ele nunca daria às costas ao combate. Então, Hagen e Gunther decidem atrair Siegfried para uma caçada juntos a fim de matá-lo.


Ato III


Cena I


Às margens do rio, as donzelas do Reno lamentam a falta do Ouro do Reno. Siegfried aparece no local, separado dos seus companheiros de caçada. Elas o demandam o retorno do anel em troca de informações sobre a caçada. Sendo ignoradas, o chamam de sovina, o que o faz finalmente oferecer o objeto. Inesperadamente, agora elas se recusam a aceitar, alertando sobre a maldição que estava chegando ao herói. Interessado, ele pede mais informações, e ouve a história do anel. Ele desdenha, e então elas citam a maldição trançada no fio do destino das nornas. Com uma prepotência parecida com a de Wotan, Siegfried responde que sua espada romperia o fio do destino, assim como com a lança de Wotan. Elas então fogem, prevendo a morte de Siegfried no mesmo dia. Trompas de caça se ouvem ao fundo.


Cena II


Siegfried se reúne com os caçadores, que incluem Gunther e Hagen. Enquanto repousam, nota-se Gunther num tom alterado, e Siegfried conta aos presentes sua aventuras da juventude. Ele cita o anão Mime, o anel, Fafner, o dom da língua dos pássaros. Hagen o oferece uma bebida que restaura sua memória, desfazendo o feitiço da poção do amor, e ele se lembra de ter acordado Brünnhilde do sono mágico com um beijo. Gunther se espanta com a confirmação da traição de Siegfried. De repente, dois corvos voam dum arbusto; enquanto Siegfried os observa, Hagen o fere fatalmente nas costas com sua lança. Os outros observam com horror, enquanto Hagen anuncia estar "punindo perjúrio", caminhando calmamente em direção da floresta. Siegfried morre enquanto relembra suas memórias de Brünnhilde, e seu corpo é carregado numa procissão solene. O acompanhamento musical é a "Marcha Fúnebre de Siegfried", uma passagem notável de toda a tetralogia.


Cena III


De volta ao palácio dos gibichungos, Gutrune aguarda o retorno de seu marido Siegfried. Angustiada com a falta, ele ainda se questiona se Brünnhilde ainda estava acordada. Hagen chega com a procissão, e Gutrune observa devastada o corpo de Siegfried sendo trazido. Num primeiro momento, Hagen anuncia que um javali o atacara, mas Gunther o acusa da morte. Hagen replica, argumentando que Siegfried havia quebrado sua promessa, exigindo o anel da mão do morto como direito de sua conquista. Gunther não aceita, alegando que o anel é herança de Gutrune, e então Hagen também o mata após um duelo.

Entretanto, ao se aproximar do anel para obtê-lo, a mão do herói morto se levanta de forma assustadora, e ele recua. Brünnhilde aparece, clamando vingança à morte do esposo. Gutrune ainda tenta rebater, mas eventualmente aceita que a mulher do herói era, de fato, a valquíria. Ela amaldiçoa Hagen por seu plano maligno. Brünnhilde ordena uma grande pira funerária às margens do rio, e a presença de seu cavalo Grane. Ela louva o marido, e ora aos deuses. Amaldiçoando o anel, ela avisa as donzelas do Reno para obtê-lo das suas cinzas, assim que o fogo limpe sua maldição. Ela acende a pira, e envia os corvos para casa, para anunciar todos os fatos ocorridos a Wotan. Num último momento, Brünnhilde louva seu cavalo, monta-o e cavalga para a morte, atirando-se nas chamas.

O fogo consome o local, enquanto o rio Reno transborda suas margens, levando as donzelas do Reno com as ondas. Hagen ainda tenta roubar o anel delas, mas afunda. As donzelas do Reno nadam com o anel, satisfeitas com o retorno do seu objeto, enquanto o palácio dos gibichungos é destruído. Com o aumento das chamas, a Valhala aparece ao fundo. A morada dos deuses é consumida pelo fogo, e percebe-se no interior os deuses reunidos, apenas aguardando pelo fim.



Fonte: http://pt.wikipedia.org/

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